quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

cachorro-quente de emoções

batata palha.. vai. queijoa ralado e catchup também. pão e linguíça. eu adoro cachorro-quente. é a minha comida favorita, é a única comida que eu sei fazer. comia um no centro quando vi aquela bela moça. saia até os joelhos. tinha pernas bonitas. sempre fui vidrado em pernas. vinha em direção à barraquinha de lanches onde eu estava. não sabia que ladies comiam comida de qualidade alimentícia duvidosa. comecei a olhar pro meu lanche, pensar.. não tem graça comer os ingredientes separados. queijo ralado puro nem é muito bom. mas, tudo junto, fica bom. nunca fui de pensar muito, estabelecer grandes fluxos de consciência. ela tinha mesmo pernas bonitas. isso era importante pra mim. pernas longas e finas, levemente douradas.. batatas palhas. claro! a batata palha sozinha não faz sentido culinário. merda. isso que dá não pensar muito. a gente pensa nas horas erradas, e pensa imbecilidades. o pão puro é estúpido. levemente torrado por uma chapa gordurosa e recheado de molho vermelho faz minha adrenalina pulsar, latejar por entre o fino calibre de meus vasos. a bolsa dela era vermelha. não conseguia parar de comer. sim! claro. não importa se ela tinha pernas bonitas. elas podem não se contextualizar com o resto, o cachorro quente. decidi brincar. o pão seria sua pele. o queijo ralado, as pintas. o ketcup, misturado com a maionese, formava um molho rosê levemente ruivo, como seus cabelos. milho e ervilha? os brincos e os anéis. nunca gostei de mostarda, e nada nela me lembrava uma linguiça. descobri. como não pensei nisso antes? é como tudo na vida. isoladamente, as coisas não fazem sentido. os sentimentos, inclusive. quando gostamos de alguém, a interação entre fenômenos inicialmente individualizados faz com que tudo pareça melhor. uma amálgama de percepções subjetivas individuais. nisso, um leve desapontamento pode estragar tudo. deturpar qualquer idealização, por mais imaculada, ou imborrável que ela seja. olhei de novo pra ela. meu cachorro-quente estava no fim, e tudo na ruiva me agradava. merda. por que tudo se contextualiza? ela comia de boca aberta.

Nenhum comentário: